Por Talula Mel e Gabriela Moncau
Uma coletânea de textos, desabafos, reflexões e experiências canábicas. Esse é o conteúdo do livro Diário de uma Mãeconheira, escrito por Maíra Castanheiro e que deve ser lançado em breve. Desde 2015, ela divide com internautas seu cotidiano como mãe de Mariaalice, professora, historiadora, pesquisadora e maconheira. Uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar o lançamento do livro, que reúne uma seleção de seus melhores textos, está na reta final e precisa de contribuições.
Filha de mãe e pai poetas, ambos do movimento da poesia marginal, que surgiu no Brasil durante a ditadura militar com influência direta da literatura beat, Maíra bebe dessa fonte e tem uma escrita recheada de referências musicais. “Lemos muitos homens, beats, que narram suas vidas, experiências sexuais e com drogas e isso lhes faz geniais. Mas, desde que publico o diário, eu pago muito caro por isso”, relata a autora, ao contar que já foi demitida ou não admitida em escolas por assinar como mãeconheira e que enfrenta o discurso moralista também como um obstáculo numa briga judicial pela guarda de sua filha. “Então, espero que o livro possa contribuir para este debate: que uma mulher mãe também pode falar sobre esses assuntos, que ela também trepa e usa drogas. E que isso não a faz menos mãe”. Maíra também escreveu o livro Para Maria Alice,publicado de maneira independente em novembro de 2019.
A publicação do Diário de uma Mãeconheira, viabilizada pela editora Moluscomix, depende ainda do resultado do financiamento coletivo que está rolando no site Catarse. No link já dá pra ler o prefácio do livro pra sentir o gostinho do que vem por aí. Cada contribuição vem com recompensas que variam desde de ter 20% de desconto na compra do livro a ter seu nome nos agradecimentos e receber também o PDF do seu livro anterior. Dá pra colaborar com o projeto a partir de R$25.
“Conheço muitas mamas que fumam maconha mas precisam se manter no armário para não serem julgadas, não perderem emprego, ou mesmo a guarda da filha. É possível ter uma relação saudável com as drogas e o diário mostra muito isso, numa realidade muito nua e crua, que é minha, mas não só, muita gente se identifica e passa pelas mesmas questões”, nos disse Maíra. Para ela, o diário tem a intenção de “abrir caminhos para que venham mais narrativas dissidentes, ampliar o debate das drogas, da maternidade, do autoconhecimento, etc”. A publicação, diz ela, é “um ato político, feminista, antiproibicionista, anarquista”.