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Junho 08, 2010

Políticos fazem uso eleitoreiro das drogas, diz especialista‏

Terra Magazine

O presidente Lula lançou em maio o Plano Integrado para Enfrentamento do Crack e Outras Drogas. Sua candidata, a ex-ministra Dilma Rousseff (PT), prometeu, em vídeo no programa partidário petista, “enfrentar essa ameaça”.

O diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (Proad), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dartiu Xavier da Silveira, no entanto, é cético quanto à efetividade das propostas de campanha sobre drogas:

– Os políticos têm feito uso eleitoreiro da questão das drogas, quando chega na hora de discutir coisas muito sérias como criminalização ou medicalização, o pessoal se abstém porque tem medo de perder votos.

Enquanto Dilma receita “apoio para impedir que mais jovens caiam nessa armadilha fatal, carinho para cuidar dos que precisam se libertar do vício e autoridade para combater e derrotar os traficantes”. Durante seis meses, Xavier receitou para 50 viciados em crack que não estavam conseguindo largar a droga através dos métodos tradicionais, uma combinação de maconha e terapia. No final do tratamento, 68% trocaram o crack pela maconha.

Tempos depois, todos os que fizeram a troca não usavam nenhuma droga. Ele ressalta que essa é uma taxa de recuperação altíssima no que se refere à dependência do crack, nos tratamentos habituais, segundo o professor, a taxa gira em torno dos 30%.

Em meados da década de 90, o crack havia se espalhado o suficiente para nomear o seu próprio território na cidade de São Paulo, a Cracolândia. Mas só agora ele ganhou status de preocupação político-eleitoral.

Segundo estimativas do Ministério da Saúde, atualmente o crack é usado por cerca de 600 mil pessoas no país.

Sobre os atuais esforços do governo federal, Xavier considera que “o atual Ministério da Saúde trabalha numa linha interessante de redução de danos”. Porém, afirma que, no geral, “não existem políticas públicas adequadas à área de drogas, existem políticas repressivas e o modelo repressivo já se provou ineficaz, mas é o modelo vigente”.

Leia a entrevista:

Terra Magazine – Por que esse tratamento teve mais sucesso do que os outros?
Dartiu Xavier da Silveira –
Havia um grupo de pacientes no nosso serviço de tratamento contra o crack que não conseguia largá-lo pelas maneiras tradicionais, eles mencionaram para a equipe médica que a única maneira que eles conseguiam se manter longe do crack era quando eles usavam maconha e, normalmente, quando estamos tratando algum dependente, falamos para não usar nenhuma droga, mas como todos eles falavam a mesma coisa, que a maconha estava ajudando, resolvemos investigar esse fenômeno.
Nós os acompanhamos por um ano, fazendo o uso de maconha, tentando largar o crack. A surpresa foi que, depois de seis meses, 68% tinha largado o uso de crack através do uso da maconha, e mais surpresa ainda foi que depois eles não ficaram dependentes da maconha, eles pararam espontaneamente de usar maconha, nem trocaram uma dependência pela outra.

Essa é uma taxa alta?
Muito alta, nos tratamentos habituais é por volta de 30%.

Por que a pesquisa não continuou?
No caso os pacientes usavam maconha que eles mesmos providenciavam através do mercado negro. A continuação desses estudos pressuporia que a gente fornecesse o princípio ativo da maconha e isso implicaria uma autorização especial que não foi possível, porque existe todo um preconceito no Brasil.

Como foi a repercussão dos resultados da pesquisa?
Embora até o Ministério da Saúde tenha valorizado muito o estudo, a comunidade científica brasileira olhou com muita desconfiança, ao contrário da comunidade científica internacional, que achou o estudo uma coisa inédita e ficou muito interessada.

O número de usuários de crack vem aumentando e o tema passou a preocupar governantes e candidatos…
Não existem políticas públicas adequadas à área de drogas, existem políticas repressivas, e o modelo repressivo já se provou ineficaz, mas é o modelo vigente.

E como o senhor avalia os recentes esforços do governo federal na área e as promessas de luta contra a droga da pré-candidata Dilma Rousseff?
Existem duas propostas interessantes, o atual Ministério da Saúde trabalha numa linha interessante de redução de danos, uma novidade, o Ministério da Saúde sempre foi muito retrógrado.
Os políticos têm feito uso eleitoreiro da questão das drogas, quando chega na hora de discutir coisas muito sérias como criminalização ou medicalização o pessoal se abstém de discutir porque tem medo de perder votos.

No que consiste a política de redução de danos?
Redução de danos é uma série de estratégias relacionadas ao uso de droga, como trocar o crack por uma droga muito mais agressiva, a maconha. Outro exemplo é o alerta “Se beber, não dirija”.

Como se dão os tratamentos tradicionais para dependentes do crack?
Os tratamentos tradicionais são feitos a partir de terapia e uso de alguns remédios como os antidepressivos. A maconha se provou mais efetiva que esses antidepressivos, porque ela tem um potencial terapêutico que ainda não foi investigado por conta do preconceito.

A pesquisa foi feita através da Unifesp?
Sim, eu sou pesquisador da Unifesp, e atuei como coordenador com mais dois médicos, Eliseu Labigaline e Lucio Ribeiro Rodrigues.

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