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Dezembro 08, 2010

Carlos Latuff: “A filosofia da polícia do Rio de Janeiro é de matar o inimigo e não de prender o criminoso”

Da Carta Capital

Vitor Taveira 8 de dezembro de 2010 às 15:23h

Com lápis e língua afiados, o cartunista Latuff vai na contramão da maioria dos analistas e detona as ações militares nas favelas cariocas

Feroz crítico das operações militares nos morros do Rio de Janeiro, o carioca Carlos Latuff usa o desenho como uma ferramenta política. O cartunista divide seu tempo criativo entre o profissional e o militante. Sobrevive de trabalhos que faz para a imprensa sindical de esquerda. Porém, não deixa de apoiar diversas causas no Brasil e no mundo com charges publicadas gratuitamente na internet (ver em http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff). Seus desenhos sobre a violência policial e militar nas favelas de sua cidade vão direto à raiz do problema e questionam a visão da imprensa e da classe média sobre o problema. Com perdão do clichê: valem mais que mil palavras. Mas também vale a pena ouvir o que o Latuff tem a dizer. Por isso selecionamos algumas charges acrescidas de trechos da entrevista feita com Latuff:

“O efetivo policial militar que foi empregado para a última operação no Complexo do Alemão foi inédito, nunca se colocou tanto policial e tanto militar como dessa vez. Realmente foi um grande espetáculo, uma mega operação militar. Até porque os policiais – civis e militares – se assemelham muito e inclusive trabalham com a mesma filosofia de soldado de infantaria, que é diferente da do policial. A meta do policial é combater o crime, prender o criminoso e levá-lo ao julgamento. O principio da infantaria é acabar com o inimigo. É matar o inimigo. Então a filosofia da polícia aqui no Rio de Janeiro é de matar o inimigo e não de prender o criminoso.”

“Nessa busca desenfreada por audiência, havia cobertura de todas essas ações ao vivo através de equipes em terra e de helicópteros, tudo transmitido ao vivo num verdadeiro reality show sanguinário em que os moradores da favela foram postos na linha de tiro. A imprensa apóia integralmente as ações do governador Sérgio Cabral. Não existe contraponto, não existe critica. Tudo que apresentaram na televisão é apoio a essas operações. A imprensa não tem o menor interesse em esclarecer a população de que o que estamos vendo é uma pirotecnia, um show de fogos, em que quem tá levando fogo é o favelado. Porque quem aplaude esse tipo de ação é a classe média, que tá segura no seu apartamento.”

Com lápis e língua afiados, o cartunista Latuff vai na contramão da maioria dos analistas e detona as ações militares nas favelas cariocas. Por Vitor Taveira. Ilustração: Latuff

“O governador foi absolutamente oportunista, dizendo que agora é pra valer, que é o dia D, um golpe final contra o tráfico. Qualquer um com um mínimo de discernimento sabe muito bem que com tráfico não se acaba porque num regime capitalista negócio que dá lucro não se acaba. E o tráfico de drogas e de armas são os negócios mais rentáveis do planeta. Portanto, o argumento de que é uma ação para combater o tráfico de drogas é mentira. O que acontece é que esse projeto do governo chamado UPP, que são Unidades de Polícia Pacificadora, na verdade estão promovendo uma realocação do tráfico, estão promovendo ocupação de espaços do tráfico, mais precisamente do Comando Vermelho, que é uma das organizações criminosas que atuam em favelas.”

“Esse argumento de que a UPP vai resolver o problema é uma falácia, porque o principal argumento da UPP é a presença ostensiva da policia nas comunidades, só que desde os anos 80 há postos policiais dentro das favelas, mas tem bocas de fumo a 50 metros. Então a questão não é que a presença policial vai inibir o tráfico. O que existe é uma relação corrupta entre ambas. Enquanto existe corrupção tanto faz ter policial na favela, não faz a menor diferença. Se para colocar o mesmo policial corrupto que nós temos não vai fazer a menor diferença”.

“As UPPs me parecem uma reorganização, um upgrade na criminalidade. Essa ação que foi mostrada na TV nada tem a ver com acabar com o trafico de drogas, é uma ação de retaliação contra esse segmento [Comando Vermelho] do trafico de drogas. Está havendo uma mudança no tráfico de drogas aqui no Rio de Janeiro. Um fenômeno que tem acontecido aqui é o advento das milícias que são grupos criminosos formados por policiais, ex-policiais, militares, ex-militares, bombeiros, ou seja, elementos que pertencem ou pertenceram ao aparato de repressão do Estado. De acordo com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), hoje as milícias ocupam mais favelas que o tráfico de drogas.”

“A favela sempre vai ser olhada com maus olhos pelo Estado. Porque a favela nos lembra que vivemos num sistema excludente, é a prova viva de que o sistema exclui. Da favela podem surgir levantes por indignação das pessoas de serem excluídas. Então a favela sempre terá de ser controlada pelo Estado. A classe média sempre vai desejar ações violentas contra a favela. Não há como acabar com as favelas, não há como absorver aquelas pessoas dentro do sistema capitalista, eles sabem muito bem disso. O que acontece é que as favelas são fonte de renda pra muitas ONGs, Igrejas, policiais inescrupulosos. Isso é um fato. A favela é um gueto, mas é um gueto que dá lucro pra muita gente, não só para o traficante ou o miliciano Quando o controle social não se dá através da polícia, se dá através da ONG, do pastor. Tudo pra manter o favelado sob controle e impedir que sua revolta se expresse, se exploda.”

“A favela é um território que precisa ser controlado. Mesmo que não haja traficantes ali, existem pobres, existem pessoas insatisfeitas com sua condição social. Se o sistema não tem como resolver, só resta a repressão, a contenção daquela população. Então a presença ostensiva dos policiais dentro daquela favela cumpre esse papel de reprimir e conter um segmento social que é excluído.”

“É muito lamentável que essa missão da ONU liderada pelo Brasil no Haiti, dita humanitária, tenha servido na verdade como um campo de provas das forças armadas aqui do Brasil. O que se verificou é que as favelas do Haiti, como Cité Soleil, tem servido de laboratório para treinamento de tropas para combate em área urbana. Isso não é mais segredo, já foi divulgado amplamente pela imprensa. Eu acho que se o Brasil realmente estivesse interessado em ajudar o Haiti ele não teria mandado tropas, e sim mandado médicos, bombeiros, técnicos para reconstruir o país.”

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