Exército e moradores entram em conflito no morro do Alemão
Militares usam spray de pimenta e dão tiros de bala de borracha contra pessoas da comunidade, que reagem
Uma mulher foi levada ao hospital ferida com um tiro de borracha na boca; há relatos de que existem mais baleados
CIRILO JUNIOR
DO RIO
Moradores e militares da Força de Pacificação do Exército entraram em confronto ontem, no complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio.
Os militares do Exército estão na área desde novembro do ano passado quando forças de segurança retomaram a comunidade, que era controlada por traficantes.
Bombas de efeito moral, balas de borracha e spray de pimenta foram lançados pelos soldados contra a população, que por sua vez, arremessava paus e pedras.
Segundo moradores, soldados mandaram um grupo que estava em um bar abaixar o som da televisão, o que desagradou as pessoas e deu inÃcio ao confronto.
O ativista René Silva, morador do complexo e dono do perfil do Twitter “A Voz da Comunidade”, comentou, pela rede, que os militares usaram spray de pimenta. “Até eu fui agredido. Fiquei com os olhos ardendo”, postou o jovem.
O Exército contesta. Segundo o major Marcus Bouças, o tumulto foi iniciado pelo “excesso de bebida” dos moradores que insultaram os militares que passavam.
Uma mulher foi ferida com um tiro de borracha, mas há relatos de outros baleados. Ao menos três pessoas foram detidas pelos militares.
VÃdeo postado na internet mostra soldados atirando balas de borracha contra moradores, que não reagem.
A tropa, que conta com 850 homens, deve ficar na comunidade até junho de 2012.
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Em São Paulo
O confronto entre militares e moradores no Complexo do Alemão, no Rio, ocorrido ontem à noite, será investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), segundo informações do órgão. As procuradoras Gisele Porto e Aline Caixeta irão ao local ouvir o general responsável pela Força de Pacificação, Cesar Leme Justo, e também os moradores para saber mais detalhes do incidente e investigar se houve excesso na atuação dos militares.
O MPF já investiga outro incidente similar que aconteceu no dia 24 de julho na Vila Cruzeiro, quando militares usaram spray de pimenta e balas de borracha contra moradores que estavam em um bar. Um dos moradores, atingido no rosto por uma bala de borracha, corre risco de ficar cego, segundo o MPF.