Nesta sexta, dia 25, o DAR e estudantes da USP de distintos cursos e movimentos promoverão um ato/debate no local onde a confusão entre polÃcia e “maconheiros” se deu no dia 27/10. Já estão confirmadas as presenças de Vera da Silva Telles (Sociologia), Henrique Carneiro (História), MaurÃcio Fiore (Cebrap) e Thandara (da Marcha Mundial de Mulheres). Confiram texto chamando para o evento (página no Facebook):
Drogados, subversivos, vagabundos e baderneiros – O proibicionismo, a USP e o mundo
Refaçamos o rastro de pólvora da democrática explosão uspiana do final deste semestre. Passemos pelas ocupações e greves. Voltemos ao morrinho do prédio da História, onde três estudantes presos, por posse de maconha, foram defendidos por centenas de estudantes, professores e funcionários diante da ameaça de repressão. Retornemos para a cena onde a PM foi expulsa a pedradas da USP. Caminhemos de novo pelas ruas da Paulista, onde em maio deste ano, maconheiros e simpatizantes foram apedrejados por bombas de poder público. Onde agora marchamos por educação pública para todos, por liberdade no campus e fora dele. Continuemos descendo pelas ruas do centro e encontremos os craqueiros, nóias, fugindo da polÃcia, se rebelando contra a repressão e servindo de justificativa para a higienização do centro. Subamos agora o morro, ou tomemos um ônibus para a ZS, ZL, ZO ou ZN, onde todo dia a polÃcia que mais mata no Brasil continua de arma na mão a fazer vÃtimas com parangas, bagulhos e evidências forjadas nas mãos. Entremos, sem pedir permissão, nas cortes penais que encarceram a juventude negra, absolvem os filhos da elite e se apoiam em leis caducas e moralismos ancestrais para exercer sua justiça seletiva. Olhemos para o estado de sÃtio da repressão, da guerra permanente, da corrupção e da violência.
O proibicionismo é uma regra/exceção podre: pés de barro, com porrete de ferro. Mas se ninguém empurra, ele não cai não.
Diante da brutalidade, do apelo fácil do senso-comum, da retropautação da mÃdia corporativa e da proibição, há muito o que fazer. Há o silêncio, há a adequação, há o combate. Podemos continuar bradando que é uma vergonha lutar pela maconha. Podemos contar de mil maneiras como tudo aconteceu na USP. Podemos esquecer o começo, a justificativa primária da repressão: as drogas e sua proibição na USP, Colômbia, México, Rocinha, Campo Limpo ou Afeganistão são o pretexto para a violência estatal, para a coerção do pensamento, para o cerceamento da autonomia de cabeças e corpos.
Há uma janela aberta, instaurada pela crise do proibicionismo, assim como existem muitas janelas abertas pela crise estrutural do capitalismo: diante da oportunidade de avanços, cada passo dado para trás é um convite ao fascismo, ao retrocesso, a mais penalização, a manter tudo como está, ou pior, piorar.
Acreditamos que a universidade, seus estudantes, professores, funcionários, entidades e movimentos, buscando estar intimamente ligados com a sociedade que os cria e alimenta, precisam ter um posicionamento pelo fim da guerra à s drogas – que é sobretudo uma guerra aos pobres – assim como se posicionam, acertadamente, pelo fim da PolÃcia Militar, por outra polÃtica de segurança pública, por mais verba para a educação, pela democracia, pela autonomia, por outro mundo. A luta da USP não é sobre maconha. Mas é também.
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Vamos ao morrinho da História, ali na FFLCH, onde tudo começou, fazer um ato, recheado de ideias e debate, contra a repressão policial e esta guerra infelizmente ainda pouco questionada. Argumentos nós temos: duvida?
Sexta-feira, 18h.