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Janeiro 05, 2012

Cracolândia sitiada

Luis Nassif Online

Autor:

Juan Plassaras

6:40h da manhã. Quarta-feira. 4 de Janeiro.

Um helicóptero já ronda no perímetro da Cracolândia. As ruas estão molhadas, e notoriamente limpas. Os funcionários do caminhão cisterna do “Aló Limpeza”, trabalharam a noite toda. Porem, a bomba quebro as 3:30 da madrugada.Os funcionários, tentam ressuscitar-la.

A PM, mantem um esquema de vigilância, nas quatro esquinas do quarteirão onde funcionava um shopping. Área delimitada pela Rua Dino Bueno, Av. Barão Duque de Caxias, e Al. Barão de Piracicaba. Numa clara atitude de prontidão, postam uma viatura em cada esquina. (ver mapa: http://g.co/maps/k3pft). O ex-shopping hoje, é uma area aberta,de terra nua e pronta para os inícios dos trabalhos de alguma empreiteira. Propositadamente, a porteira de arame está aberta.

Os soldados da PM param, abordam, identificam, e revistam a toda pessoa com visual empobrecido: seja carroceiro, dependente ou catador de latinhas. Queda claro para cualquer observador, que o objetivo é, a preservação dessa área, delimitada por um tecido de arame e pronta para as o inicio de obras.

 

07:00 h.

A espera de ordens: quatro viaturas das Forças Táticas, se reúnem na Praça Prestes Maia.

Na frente de uma loja de venda de sapatos, sobre a calçada na Av. Duque de Caxias, ainda durmen uma fileira de usuários. Uns quarenta aproximadamente .

Na Praça Princesa Isabel, esta o resto da população que perambulara na Cracolândia:quase uma centena de pessoas. Num círculo, a Comunidade do Belém, efetuam a sua celebração. Faz dois dias que acompanham aos usuários. Levam violão, mochilas feitas com bolsas de plástico, livros de liturgia. Algumas meninas -muito jovens- atam uma toalha celeste na cabeça. Todos, possuem uma profunda atitude de introspecção. A comunidade, é integrado por jovens católicos, que desenvolvem ações com pessoas em alto risco social, dentro dos objetivos da Pastoral de Rua.

Uma nuvem de usuários, se forma rapidamente em derredor de uma pessoa. Esta, distribui pedra. Fica claro que a venda de crack prossegue. Contrariamente ao que se noticio, no dia de ontem pela imprensa, os objetivos da ação na Cracolândia não é inibir o tráfico e consumo de pedra.

 

07:30 h.

Na Rua Guianases no cruzamento com a Al. Ribeiro da Silva, o esquema de “jagunços” de segurança (de uma conhecida empresa de seguros) está montado. Muitos rostos novos. Ao parecer, a constante denuncia de violação de direitos humanos, no seu acionar, teve seus resultados. Numa oportunidade, até, esfaquearam a um morador de rua. Os “jagunços”, são reconhecidos por ter um audífono na orelha, e aguardam em cada esquina. Protegem, o passo dos funcionários, e seu patrimônio: os carros.

No Largo Coração de Jesus, a Base da GCM, só tem dois agentes. Uma turma de garis, re-inicia uma caprichada faxina nas ruas. Na frente do Bom prato, forma-se uma fila de pessoas para tomar o café da manhã.

Uma “boneca doida” (1) perambula pela Dino Bueno. É conhecida por fazer “programas” a troca de pedra. Usa um mini-vestido, calcinha vermelha, e “calça” boné. Leva um tempo indefinido sem tomar banho. E abordada pelos PM’s, que a interrogam sobre o motivo da sua procura na região. Batem boca.

Os primeiros jornalistas chegam. Instalam o unidade móvel na aŕea do ex-shopping, frente a viatura dos políciais, que já não batem boca com a “boneca doida”. Liberam ela. Agora são três helicópteros rondando no ar. O barulho é ensurdecedor.

 

07:45 h.

A Comunidade do Belém se dirigem em proseção, pela Alameda Piracicaba. Varios soldados da PM os monitora. Tomam conta, que não são dependentes. No cruzamento com um carroceiro, abandonam a proseção e abordam ao catador de sucata.

Mais um distribuidor de pedra, chega. Na Duque de Caxias e sobre a calçada da loja de sapatos, forma-se uma outra nuvem de usuários. O burburinho del troca-troca é agitado. Tem cobrança de mercadoria. As respostas são de que o “bagulho está tenebroso”. E os dedos, indicam a viatura policial. O número de pessoas, na nuvem, supera a centena. Ocupam quase todo o quarteirão, e desborda a beira da avenida. Os funcionários da loja, nem intentam subir as cortinas para a ingressar no estabelecimento. Existe medo.

A cinqüenta metros do “Espaço de Convivência Mauá”, duas crianças de rua, comem presunto com farofa. O equipamento foi inaugurado no ano passado, frente à Sala São Paulo.O projeto é administrado pela ONG Batá Kotô, entidade conveniada com à prefeitura. O objetivo da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social da Prefeitura de São Paulo (SMDAS), é possibilitar o atendimento a crianças e adolescentes, dependentes químicos, em situação de rua. Possui uma capacidade de atendimento de 200 pessoas-dia. Aparenta ter, pessoas dentro. Porem, a hora de inicio de funcionamento está marcada para as 08:00.

 

08:00 h.

Os carros da Forças Táticas, recebem indicações superiores. A alta velocidade, saem da Praça Preste Maia, e se dirigem a pontos desconhecidos.

O Espaço de Convivência Mauá manten-se fechado. Duas adolescentes esperam na calçada, aparentemente, para ser atendidas.

O encarregado da loja de sapatos, solicita a intervenção da PM . O integrantes da Comunidade de Belém, entram na nuvem, para um trabalho de evangelização. É um trabalho insano. Especialmente, para as jovens meninas, que mantem os olhos, num transe gelado de terror. Dentro da nuvem, a intimidade é pública. Após da cachimbada: um bom xixi, uma boa transa, ou uma boa masturbação, é a “cereja no sorvete” dos noias (2).

Na beira da nuvem, passa um homem, de óculos obscuros, calvo e de porte atlético. Veste um colete da Prefeitura, com um indicativo nas suas costas: “Assistência Social”. Não leva crachá de identificação. Regressa da padaria, rumo ao “Espaço de Convivência Mauá”. Alguns usuários lhe solicitam um pão para comer. O homem, responde com olhar soberbo e os xinga.

 

08:20 h.

O equipamento da SMDAS não abre. Com os funcionários dentro, confere-se que nehúm deles porta crachá identificatorio. As adolescentes ainda esperam. Media dúzia de moradores de rua, descansam na calçada de forma pacífica. Na beirada, uma carroça com uma pessoa dormindo dentro. Os funcionários do Equipamento solicitam a intervenção da GCM.

Na frente da loja de sapatos: confusão. Soldados da PM em quatro viaturas, iniciam o despejo. A nuvem, lentamente, vira pela Rua das Andradas. Um oficial da PM, supervisiona a ação, junto com varios fotógrafos e camarógrafos. Uma soldado interroga aos curiosos, sobre as  tarefas pendentes que os esperam. Os vizinhos, jogam água sobre os usuários.

 

08:35 h.

A Força Tática chega para dar cobertura ao despejo. Três soldados, – um deles com escopeta- iniciam uma abordagem de identificação. Na prancheta se registra três o quatro nomes, e logo indicação de retirar-se. Esse indicativo prossegue de forma imperativa: usuário por usuário até o cruzamento com a Rua General Osorio. A rua fica limpa.

A GCM, apresenta-se na frente do equipamento “Espaço de Convivência Mauá”. Inicia o despejo dos moradores de rua, incluindo as duas adolescentes. Com mão na arma, a GCM feminina, indica ao carroceiro que se retire da frente do prédio. A viatura estaciona-se na entrada do Espaço da SMDAS. Os funcionários abrem as portas. Inicia-se entre eles, uma brincadeira de pelhiscos. Uma mulher, anônima, ao conferir a situação omissa para com as  meninas, a convida para um café, e arrumar alguma roupa nova.

 

  1. boneca doida: mulher consumidora avançada de crack que, possui movimentos afetados, similares aos de, a boneca de pano, que se utiliza na dança popular.
  2. noia :consumidor de crack

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