Buenos Aires, 7 mai (EFE).- Centenas de defensores da descriminalização da maconha realizaram neste sábado passeatas pela causa nas ruas de Buenos Aires e de Montevidéu, em apoio ao movimento internacional Marcha da Maconha, que, segundo os organizadores, promoveu manifestações em 40 paÃses, incluindo o Brasil.
Na Argentina, 23 grandes cidades aderiram ao movimento. Na capital, cerca de mil de manifestantes marcharam da Praça de Maio, em frente à Casa Rosada – sede do Governo -, até o Parlamento, reivindicando também um “plano nacional de atendimento aos usuários, universal e gratuito”.
Mas a prioridade do movimento é a “derrogação imediata” das leis que proÃbem a posse de drogas e o cultivo da maconha para “acabar com a criminalização, discriminação e maus-tratos contra os usuários”, afirmou aos jornalistas o ativista MatÃas Faray, que ficou 15 dias detido por cultivar a planta de cannabis.
Faray acusou as prisões argentinas de estarem “lotadas” de viciados ou consumidores esporádicos, enquanto os traficantes “estão enriquecendo”.
“Descriminalizar o consumo é combater o narcotráfico”, declarou à Agência Efe a deputada Cecilia Merchán, que, junto a sua colega Victoria Donda, é autora de um dos projetos de lei que tramitam no Parlamento argentino desde o ano passado.
A parlamentar destacou que “há vários projetos” em discussão, mas ainda não se constatam avanços. “De todos os processos na Justiça referentes a drogas, apenas 3% envolvem traficantes”, criticou.
“É preciso reverter essa relação. Prendem-se os consumidores ou viciados, em vez de aprofundar a luta contra as facções de traficantes”, exclamou a deputada.
No Uruguai, os ativistas se concentraram no Parque Rodó, em Montevidéu, durante uma tarde de música e atividades centradas na reivindicação pela liberalização da maconha.
Os manifestantes uruguaios se mostraram satisfeitos com os últimos avanços sobre o tema no paÃs, disse à Efe um dos porta-vozes da organização do movimento, Juan Vaz.
“Na realidade, acreditamos que seremos em breve o primeiro paÃs latino-americano onde o cultivo da maconha será respaldado pela lei”, afirmou Vaz, referindo-se à s propostas que tramitam no Parlamento uruguaio para descriminalizar a droga.
“Nos sentimos como revolucionários que estão ganhando sua revolução. Estamos organizados e só reivindicamos mais garantias para o autoabastecimento de maconha. A verdade é que nossas exigências foram bem respondidas e o povo nos dá razão, a Justiça também e os deputados trabalham nisso”, comemorou Vaz.
Milhares de manifestantes, em sua maioria jovens, se manifestaram neste sábado em Buenos Aires e em outras cidades da Argentina para reivindicar a “descriminalização já” do consumo de maconha e “a autorização de seus usos medicinais”.
Os manifestantes marcharam da Praça de Maio, em frente à sede do governo, até o Parlamento para pedir a legalização desta droga, no marco da Marcha Mundial da Maconha, realizada em cerca de 200 cidades de diferentes paÃses, disseram os organizadores.
Com bandeiras e cartazes que refletiam seus pedidos, os manifestantes reivindicaram a derrogação das normas que punem a plantação de maconha para consumo pessoal com penas de até 15 anos de prisão e exigiram a necessidade de diferenciar os consumidores de quem se dedica ao tráfico de drogas.
Enrique Marcarian/Reuters | ||
Jovem fuma cigarro gigante de maconha em manifestação em Buenos Aires, na Argentina, neste sábado |
As mobilizações se repetiram em mais de 20 cidades da Argentina, da mesma forma que em distritos de paÃses vizinhos.
Em março passado, o ex-chefe de gabinete e senador governista AnÃbal Fernández apresentou um projeto de lei que contempla a descriminalização da posse de drogas para consumo pessoal.
A iniciativa procura evitar que se criminalize a pessoa que consome já que “ela sofre de uma doença que tem que ser resolvida pelo Estado”, considerou o senador ao fundamentar seu projeto.