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Julho 09, 2012

Rio +4e20: criando laços entre as Marchas da Maconha

COLETIVO DAR

Belém, Floripa, Niterói, Rio das Ostras, Guarulhos, João Pessoa, Natal, Mossoró, Viçosa, São Paulo, Brasília, BH, Campo Grande: todas essas cidades atenderam ao chamado do time da casa, Rio de Janeiro, para a Rio +4e20, cúpula dos ativistas que compõem Marchas da Maconha realizada durante a Cúpula dos Povos, que por sua vez era paralela à Rio +20.

Vários anos de debates virtuais e circulares, esse encontro parece que nunca saía da tela. Até dias antes pouco se sabia do local certo, do formato, dos temas. Mas a aflição era viagem: mais de 70 pessoas presentes num primeiro momento, num clima de apontar pra frente, não o dedo.

Depois de algumas idas e vindas, a metodologia escolhida foi simples: momentos para debatermos as experiências das Marchas ali representadas, a conjuntura mais ampla do debate de drogas e do movimento e um para perspectivas. Além disso, se consensuou a realização de uma Marcha da Maconha especial durante a cúpula, na terça seguinte, dia 19 de junho.

Marcha que, obviamente, foi foda, e uniu diversos grupos e ativistas presentes na Cúpula. Até bandeira do MST tremulou no aterro do Flamengo, e era marchando pela legalização.

Só é seu aquilo que você dá, e o momento de troca de experiências foi especial, de tão rica nossa diversidade e amplitude. De praticamente irrelevante no cenário político brasileiro, a Marcha da Maconha hoje é inquestionavelmente um ator de peso, e muito disso é por conta de cada um e cada uma que estava ali na UFRJ, naquele mundo de sotaques e ativismos.

Caminho se conhece andando: ninguém sabia muito o que seria esse que no início seria um Encontro Nacional da Marcha da Maconha e que no fim foi Rio +4e20, e isso só serviu pra que ele acontecesse assim: livre, aberto e fluído como uma roda de banza deve ser.

O debate de conjuntura também representou um grande avanço desse movimento que sempre foi organizado em rede e hostil a tentativas de centralização. A desconfiança por nós é compartilhada, ninguém quer mais um espaço de disputa de poder, de confronto, mas o imobilismo também nunca foi uma resposta sensata ao problema. Decidimos trocar experiências, pontos de vista, idéias, sem necessidades prévias de encaminhar nada, e o resultado mostrou que a opção foi acertada.

A maturidade do debate também surpreendeu positivamente. Nada do baixo nível visto em quebra-paus virtuais recentes. Divergências sim, por que, não? Pela primeira vez ficaram mais explícitas posições firmemente mercadológicas dos horizontes defendidos pelo movimento, contrapostas a visões mais ligadas a tradições de ativismo conectado aos movimentos sociais e a formas de política mais militantes. E é bom que seja assim, que as diferentes visões sejam colocadas e sobretudo ouvidas, discutidas, até para que saibamos até onde é possível caminhar junto –e isso nem sempre é necessário em 100% das ocasiões.

Em relação ao debate conjuntural, a posição do DAR é a mesma que andamos sustentando já há algum tempo. Vivemos um momento dúbio, em que por um lado cresce o movimento, mas por outro fortalecem-se também os velhos ideais conservadores que formaram e sustentam nosso país. Nossa importante vitória frente às absurdas proibições e nosso fortalecimento convivem com a militarização crescente, que se agrava na onda dos megaeventos, com o imenso peso político de grupos religiosos praticamente fundamentalistas e com o caráter repressivo de alternativas supostamente médicas, como a internação compulsória de usuários de crack, ganhando cada vez mais espaço nas políticas públicas.

Mas a demanda por mudanças na política de drogas também floresce, é encampada por novos atores a todo momento – da Globo ao PSTU. É neste aspecto que se faz importante, em nossa opinião, este tipo de iniciativa como a Rio +4e20: demorou pra clarificarmos esse amplo antiproibicionismo, coloquemos as cartas na mesa como diz uma seção de nosso site.

Foram debatidas as possíveis alternativas em curso, como as discussões rolando no STF, na mudança do Código Penal no Senado e em possíveis projetos de lei em busca de assinaturas veiculados por determinados setores, e nota-se em todas essas iniciativas uma lacuna fundamental: o movimento. Antonio Gramsci, e depois Florestan Fernandes, davam grande ênfase ao conceito de “revolução passiva”: quando os de cima absorvem desejos de mudança provenientes de setores populares e movimentos sociais, afim não de implementá-los em sua totalidade, mas de contê-los, ao aceitá-los parcialmente – em sua lógica.

Nos parece evidente a necessidade de que o movimento antiproibicionista dialogue com o debate de alternativas e seja levado em conta de forma proporcional a seu peso político, que não é pequeno. Neste sentido, uma boa alternativa pode ser a atuação dentro da Frente Nacional Drogas e Direitos Humanos, articulação nacional de entidades de peso, como conselhos de psicologia e assistência social e o movimento da população de rua, e que traz à tona a inevitável conexão entre diferentes tradições de luta, como a do campo da saúde, de organizações populares ou a do movimento antimanicomial, e o nosso movimento antiproibicionista, que não está e nem pode estar indiferente a abordagens mais amplas e profundas.

Interessante também foi a ausência de tensão em relação à questão da centralidade da maconha na atuação antiproibicionista – modelo que é oposto ao que foi desenvolvido na Marcha da Maconha de São Paulo deste ano, que trabalhou com foco no combate à Guerra às drogas. Diferentes intervenções salientaram as interconexões que o debate específico da legalização da maconha tem com uma demanda mais ampla, de regulamentação de todas as substâncias, e o horizonte comum da demanda por fim da guerra às drogas. As divergências neste aspecto surgiram somente na polarização entre tática e estratégia.

E é bom que seja assim, que saibamos agir em todas as frentes possíveis, com todas as cores e vozes que temos ou de que somos próximos. É o uso da imaginação, que propunha Herbert Marcuse, unificando sensibilidade e razão.

Por fim, o último momento de debate buscou refletir sobre perspectivas conjuntas que aqueles diferentes agrupamentos e indivíduos ali presentes poderiam ter. Apontou-se para a constituição de uma rede de coletivos e ativistas a favor da legalização da maconha, por uma articulação mais constante. Tá aí o principal, o grande ponto positivo desde encontro, o “só por isso valia”: demos o primeiro passo, abrimos a roda. Agora é cuidar bem dela e não fechar, que ainda cabe muita gente.

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