Centro terapêutico de Unaà onde pacientes eram torturados é interditado pela JustiçaSegundo, investigações do Ministério Público pacientes eram torturados e agredidos no local, que funcionava ilegalmente como clÃnica psiquiátrica
João Henrique do Vale – Publicação: 23/07/2012 16:42 Atualização: 23/07/2012 19:22
Com a decisão da Justiça, o centro está proibido de admitir novos pacientes. Também ficou determinado que os internos sejam entregues aos familiares ou responsáveis legais.
Segundo o MPMG, as investigações começaram em março deste ano após a promotoria da cidade ter acesso a um boletim de ocorrência que relatava a agressão sofrida por um dos internos por parte do proprietário do local e por monitores, que também são pacientes em tratamento. A vÃtima foi ouvida e afirmou que outro interno estava sofrendo torturas. O adolescente também foi ouvido e confirmou os relatos. “Os pacientes eram agredidos com chutes, socos, como castigo por comportamento ‘impróprios’. A tortura foi identificada com relação a apenas um dos interno, e consistiu, em tese, em choques, tendo sido colocados os pés da pessoa dentro de uma bacia com água e colocados fios elétricos na águaâ€, afirma a promotoria de Justiça Andréa Barcelos, autora da Ação Civil Pública.
Um relatório da Vigilância Sanitária constatou que a clÃnica, que tem capacidade para 28 pessoas com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas, estava com 43 internos. Outras irregularidades constatadas foram a falta de uma equipe mÃnima de médicos e enfermeiros especializados, a aplicação forçada e a falta de controle adequado de medicamentos e a internação involuntária sem autorização legal para isso.
Segundo a promotora, a clÃnica tinha autorização para funcionar apenas como comunidade terapêutica, que somente deve trabalhar com internações voluntárias, tendo o tratamento por base os 12 passos do Narcóticos Anônimos. Porém, realiza internações involuntárias (contra a vontade do paciente), sem prévio encaminhamento médico. O local funcionava como uma clÃnica psiquiátrica, sem autorização e contrariando a lei antimanicomial (Lei 10.216/01).
O MP ainda vai ouvir mais pessoas envolvidas no caso, pois após a veiculação de notÃcias sobre as agressões, outros informações de internos agredidos na clÃnica chegaram até a promotoria. As vÃtimas serão interrogadas e os depoimentos serão juntados a ação.