Protógenes Queiroz (PCdoB) fez proposta após levar filho de 11 anos ao cinema
Deputado chegou a defender, no Twitter, a retirada de circulação do filme; após reação de internautas, ele recuou
ERICH DECAT
DE BRASÃLIA
O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) vai recorrer ao Ministério da Justiça para tentar alterar para maiores de 18 anos a classificação indicativa do filme “Ted”.
A comédia norte-americana, que estreou nas salas brasileiras na última sexta-feira, foi liberada pelo Ministério da Justiça para jovens a partir dos 16 anos.
No filme, dirigido por Seth MacFarlane, o ursinho de pelúcia de um garoto ganha vida e os dois se tornam amigos, crescendo juntos.
CLASSIFICAÇÃO
Inicialmente, Protógenes chegou a defender, no Twitter, a retirada de circulação do filme. Após a reação de dezenas de internautas contra a medida, ele recuou e informou ontem que deverá tentar alterar apenas a classificação indicativa.
A iniciativa do deputado ocorreu depois de ele levar o filho de 11 anos para assistir à comédia no último fim de semana.
De acordo com a avaliação de Protógenes, o nome, as ilustrações e imagens apresentadas nas propagandas do filme induzem às crianças a pensarem que se trata de um filme infantil.
“Qual criança não fica curiosa de ver um ursinho falante? Ursinho não é filme de adulto, é de criança”, disse Protógenes à Folha.
“Ursinho que cheira cocaÃna, fuma maconha, participa de orgias, não trabalha, não estuda, não é apropriado para adolescentes”, acrescentou.
Nas redes sociais, a polêmica em torno das manifestações do deputado contra o filme deixou os nomes de Protógenes e do filme entre os mais citados ontem no Twitter.
Dezenas de internautas rebateram a ideia.
“O paÃs corroÃdo pela corrupção e violência e o sr @Protogenes querendo censurar um ursinho carinhoso? Tá sobrando tempo…”, disse a internauta Martha Esteves.
SEXO E DROGAS
A classificação das obras audiovisuais é feita pela Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça.
Os filmes com classificações abaixo de 18 anos podem se assistidos por crianças de qualquer idade, desde que elas estejam acompanhadas dos pais.
“Estamos seguros dessa classificação. Temos critérios bem definidos que foram inclusive discutidos com a sociedade”, disse Davi Pires, diretor-adjunto do Departamento de Justiça de Classificação, TÃtulo e Qualificação.
Entre os critérios avaliados está a apresentação de cenas de sexo, drogas e violência.
Sucesso mundial, ‘Ted’ é sátira aos contos de fadas
ANDRÉ BARCINSKI
CRÃTICO DA FOLHA
Apesar de estrelado por um ursinho de pelúcia, “Ted” não é adequado para uma criança de 11 anos.
O urso aparece fumando maconha, cercado por prostitutas, apalpando seios de uma mulher e simulando sexo com uma caixa registradora. E isso é só o trailer.
Ainda é mostrado dirigindo um automóvel de forma irresponsável. “Desculpe, estava tuitando”, diz, após bater o carro em outro.
“Ted” é uma sátira a contos de fadas modernos como “E.T.”, de Steven Spielberg. Foi escrito e dirigido por Seth MacFarlane, criador da série de TV “Family Guy”, conhecida por seu humor corrosivo.
O filme mostra o relacionamento de um menino, John, e de seu urso de pelúcia, que ganha vida e vira uma celebridade local.
A história pula quase 30 anos e encontra John (Mark Wahlberg) e Ted já trintões. John trabalha num escritório e namora Lori (Mila Kunis). Já Ted virou um vagabundo profissional: passa os dias bebendo, fumando maconha e tramando encontros com prostitutas.
O filme é repleto de piadas grosseiras, palavrões, alusões a sexo anal, bebedeiras, brigas e humor politicamente incorreto.
É um sucesso mundial: custou US$ 50 milhões e já faturou mais de US$ 420 milhões. No Brasil, na semana de estreia, teve 197 mil espectadores, atrás só dos 255 mil de “Resident Evil 5”.