O educador Adriano Camargo, 36, afirma ser um dependente em tratamento. Há cinco anos “limpo”, diz que só deixou o crack após procurar ajuda sozinho.
Desde ontem, entrou em vigor o programa de internação compulsória de viciados em drogas, do governo do Estado de SP. Apesar disso, apenas duas pessoas foram internadas na cracolândia na segunda-feira, e voluntariamente.
“Já fui internado involuntariamente [a pedido de familiares] e compulsoriamente. Foram cinco vezes. A única que deu certo foi a última, quando fui por conta própria”, afirma.
Segundo Camargo, um juiz o internou porque ele estava cometendo pequenos furtos. “Me livrei só quando fiquei num lugar que me mostrou que, antes do vÃcio, eu tinha conflitos internos, familiares. Tratei disso e parei com o crack.”
Apu Gomes/Folhapress | ||
Usuários de crack na rua Cleveland, no centro de São Paulo, no primeiro dia de internação compulsória |
HISTÓRICO
Mesmo sem ninguém internado à força ontem, o juiz Samuel Karasin, que estava no primeiro dia do plantão judiciário na Cracolândia disse que o dia foi “histórico”. “Porque, pela primeira vez, o Judiciário volta sua atenção especificamente para pessoas que nunca foram privilegiadas, que não tinham acesso à Justiça.”
O plantão funciona diariamente, das 9h à s 13h, com juiz, promotor e advogados designados pela OAB, no centro de saúde, na região central. Quando a internação for recomendada por um médico e o usuário refutar o tratamento, caberá ao juiz de plantão decidir –com base em parecer do membro da Promotoria.
Editoria de arte/Folhapress | ||