Agência Brasil | 21h12 | 11.05.2013
Militantes a favor da legalização da maconha no Brasil se reuniram na tarde deste sábado (11) na Avenida Vieira Souto, na orla de Ipanema, no Rio de Janeiro, em mais uma Marcha da Maconha, manifestação anual que ocorre em diversas cidades do paÃs desde 2002. Os manifestantes seguravam faixas que pediam a descriminalização do uso e também em homenagem ao cantor jamaicano Bob Marley, cuja morte completou 32 anos neste sábado. A maior parte dos presentes era jovem.
A passeata estava marcada para as 14h, mas começou à s 16h20. A concentração foi entre as ruas Maria Quitéria e Joana Angélica. De acordo com a PolÃcia Militar, cerca de 2 mil pessoas estavam na manifestação por volta das 17h. A organização do evento informou que o número de participantes chegou a 10 mil, igualando a marca atingida no ano passado. Os manifestantes cantavam músicas, principalmente em ritmo de reggae, a favor da legalização do uso. Eles protestaram também contra o Projeto de Lei 7.633, que prevê a internação involuntária de usuários.
O estudante de história Afonso Fernandes, de 23 anos, distribuiu panfletos em prol da causa. “É uma causa de importância social, porque a droga tem sido um problema que contribui para a criminalização da pobreza, e também uma questão de liberdade individual. O debate está cada vez mais presente e acho que está avançando”, disse o universitário, que participa do evento há quatro anos.
No inÃcio da passeata, apenas duas faixas da pista sentido Arpoador foram bloqueadas, mas uma terceira foi fechada para evitar acidentes. O trânsito foi desviado para a Rua Visconde de Pirajá, causando lentidão no tráfego de veÃculos na orla. A manifestação seguiu até a Pedra do Arpoador. O policiamento ficou a cargo de 40 agentes. Um homem foi detido e levado para a 14ª Delegacia de PolÃcia, no Leblon, depois de tentar vender maconha para um policial que estava à paisana.
De acordo com o movimento, estão previstas marchas em 37 cidades do paÃs até julho.
Entre as ruas Maria Quitéria e Joana Angélica, em Ipanema, dezenas de pessoas se reuniram na tarde deste sábado de sol no Rio de Janeiro a saÃda da Marcha da Maconha. O protesto é realizado desde 2002 na cidade e tem por objetivo lutar pela legalização do uso da erva no paÃs.
A marcha chegou a ser proibida em 2008 e de 2009 a 2011 aconteceu por meio de habeas corpus. Em 2012 passou a ser considerada legal pelo STF. No mundo, o evento é realizado desde 1999.
Depois de confrontos com policiais nas duas últimas edições, a Marcha da Maconha aconteceu sem problemas. Houve apenas discrepância de números. A manifestação reuniu mil pessoas, segundo a PolÃcia Militar, no percurso entre o posto 9 até o Arpoador. Para os organizadores, dez mil pessoas participaram do ato pela liberação da droga.
Este ano, além da legalização, o movimento vai chamar a atenção para dois movimentos que estão acontecendo no Brasil.
De um lado, o Projeto de Lei 7663, em discussão no Congresso Nacional, prega a internação dos usuários, o que é considerado um retrocesso pelos organizadores da Marcha. De outro, um julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) poderá abrir um precedente que permitirá o fim da prisão para portadores de pequenos volumes de maconha.
“Queremos que o STF julgue logo o caso de um rapaz detido em um presÃdio de São Paulo por ter sido pego com 0,6 grama de maconha. Isso pode abrir um precedente”, disse o estudante e um dos organizadores da Marcha Thiago Tomazine.
Quarenta policiais acompanhavam de longe a manifestação, realizada em frente à praia. No ano passado, um conflito no final da Marcha levou ao enfrentamento entre manifestantes e policiais, que chegaram a fazer uso de gás de pimenta. A alegação era de que a passeata estava impedindo o tráfego de automóveis, o que é negado pelos organizadores.
A cena no entanto não será repetida esse ano, segundo o Capitão Rattes, responsável pela operação de segurança da Marcha pela primeira vez. “Esperamos que tudo corra bem, está tudo tranquilo”, disse o policial, a cerca de 10 metros dos usuários declarados que organizam a Marcha.
Os organizadores insistiam a todo momento para que os participantes não provocassem os policiais.
O vereador Renato 5 (Psol), o mais atuante entre os parlamentares pela legalização da erva no Rio, que todos os anos tem também o apoio do atual secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, acha que o momento no paÃs é favorável para a legalização.
Ele espera que após o julgamento pelo STF, ainda sem data, haja um avanço para os usuários. “O mundo todo está reelaborando a polÃtica das drogas, até os Estados Unidos, que é o paÃs do proibicionismo, já tem discriminalização em vários Estados”, explicou.
Pétala Luz, 29 anos, recém chegada de Salvador, disse que veio para a marcha do Rio porque além de acreditar na legalização quer articular uma grande marcha em BrasÃlia no 7 de setembro.
“Sou do movimento Plante Legal, que quer reunir todas as marchas regionais em uma grande marcha em setembro”, explicou.
As próximas marchas serão realizadas nos dias 11 de maio, em Teresina (PI); 18 de maio Campinas (SP); 19 de maio, Aracaju (SE), Atibaia (SP); Niterói (RJ), Presidente Prudente (SP) e Recife (PE); 24 de maio, Natal e Goiânia; 25 de maio, Porto Alegre (RS), Vitória (ES); Salvador (BA), Campo Grande (MT), João Pessoa (PB), Juiz de Fora (MG), Nova Iguaçu (RJ) e Santa Maria (RS). *(DENISE LUNA) *
Cristiane Cardoso Do G1 Rio
A Marcha da Maconha, que tem como objetivo pedir a legalização da erva em todo o paÃs, teve sua edição regional do Rio de Janeiro neste sábado (11). A concentração, em frente ao Coqueirão — localidade próxima ao Posto 9, na Avenida Vieira Souto, Zona Sul — começou à s 14h, já movimentada por centenas de pessoas num primeiro dia de final de semana bastante ensolarado na cidade. A passeata saiu à s 16h20 em direção ao Arpoador, deixando o trânsito complicado e tomando quase toda a ciclovia do percurso.
Uma pista da Avenida Vieira Souto chegou a ser interditada por conta da presença de dos manifestantes, que vestiram predominantemente o verde e empunharam cartazes, além de gritos de guerra. Adesivos e panfletos foram entregues pedindo a conscientização da população.
A campanha é contra a Lei 7663 discutida no Congresso, que pode aumentar as internações forçadas de usuários, e a favor de eecurso extraordinário do Supremo Tribunal Federal, que pode descriminalizar o porte para uso pessoal.
“A maconha ajuda no tratamento do câncer e do glaucoma. A proibição é uma imbecilidade. Podemos falar hoje livremente sobre a maconha. É um remédio. As cordas das caravelas que chegaram ao Brasil foram feitas com maconha. Todo mundo com medo do crack e o melhor remédio para sair do crack é a maconha”, afirmou o advogado Antônio Bastos, membro da comissão de Direitos Humanos da OAB.
A Marcha carioca, que foi marcada neste dia 11 em homenagem ao dia da morte de Bob Marley, promete a presença dos cantores Hélio Bentes, da banda Ponto de EquilÃbrio e BNegão, ex-Planet Hemp. “O movimento escolheu esta data porque fazem 32 anos da morte de um artista que tinha essa visão e era um ativista polÃtico. É uma data simbólica”, explicou Daniel Mazola, secretário de Direitos Humanos da ABI.
“Nós, da comissão, entramos com um documento favorável à legalização porque entendemos que é um problema de saúde pública, e não da polÃcia. Entendemos que muita gente morre porque não existe uma regulamentação do uso de todas as drogas”, salientou.
Até julho, são esperadas outras 40 manifestações em diversas cidades do paÃs. Em Niterói, Região Metropolitana do Rio, a Marcha está marcada para o dia 19, em IcaraÃ, segundo o Coletivo Marcha da Maconha.
Ainda de acordo com os organizadores, as “atividades não têm a intenção de fazer apologia à maconha ou ao seu uso, nem incentivar qualquer tipo de atividade criminosa. As atividades do Coletivo respeitam não só o direito à livre manifestação de idéias e opiniões, mas também os limites legais desse e de outros direitos”.
Menor é detido
Apesar de não ter sido registrada nenhuma confusão, segundo o policial militar Santos Filho, um menor de idade foi apreendido vendendo drogas na Marcha da Maconha. Ele abordou dois policiais descaracterizados. “Verme”, como é conhecido o rapaz, já tinha passagem por assalto e estava sob posse de 27 gramas de maconha.
Além dos já tradicionais cartazes com figuras de folhas da erva e nas quais pedem a descriminalização do uso da maconha no Brasil, os manifestantes lembraram em suas mensagens que “há 32 anos caminham sem Bob Marley”.
Várias das músicas entoadas pelos manifestantes eram do próprio Marley ou entoadas em ritmo de reggae.
O considerado rei do reggae, como integrante do movimento rastafari, defendia o uso espiritual da maconha, erva da que faz menção em algumas de suas músicas e na capa de um de seus álbuns.
A Marcha da Maconha se repetirá até junho deste ano em diferentes datas em outras 37 cidades do paÃs, segundo os organizadores da manifestação.
Apesar de a organização ter alegado haver reunido cerca de 10.000 pessoas, a PolÃcia informou que o número era de perto de 2.000, em sua maioria jovens e vestidos de verde.
A marcha, cujo inÃcio atrasou em mais de duas horas e chamou a atenção de centenas de banhistas na praia, percorreu duas das principais ruas do bairro de Ipanema e provocou um engarrafamento cujos efeitos foram sentidos em vários bairros vizinhos.
Além de defender a descriminalização do consumo de maconha, os manifestantes criticaram um projeto de lei discutido atualmente no Congresso, proposto por lÃderes evangélicos e que prevê a hospitalização obrigatória de consumidores de drogas que vivem nas ruas.
Eles também defenderam que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare inconstitucional o artigo da Lei de Tóxicos que tipifica como crime o uso da droga para consumo próprio. O STF tem essa votação em sua pauta, mas sem data ainda definida.
A Marcha da Maconha é realizada anualmente no Rio de Janeiro desde 2002, mas em suas primeiras edições os manifestantes tiveram que comparecer aos tribunais para pedir recursos que os deixassem se manifestar, porque a PolÃcia considerava sua mensagem como apologia ao crime.
As manifestações eram reprimidas até que um tribunal superior determinou que os defensores da legalização da maconha têm direito a expressar sua opinião e, desde então, são realizadas com escolta policial para impedir incidentes com grupos que se opõem à descriminalização.