Uma operação deflagrada na manhã desta terça-feira (11) fechou duas clÃnicas irregulares de recuperação de dependentes quÃmicos em Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia. Segundo a polÃcia, as instituições cobravam R$ 8 mil por interno, mas em vez do acompanhamento psicológico prometido à s famÃlias, dopava e torturava os pacientes. Seis pessoas acabaram presas, entre elas um médico, e três conseguiram fugir.
Delegado responsável pela Operação Resgate, Manoel Vanderic disse ao G1 que mais de 60 internos relataram torturas fÃsicas e psicológicas. “Alguns internos contam que foram enterrados vivos, só com a cabeça de fora. Outros foram obrigados a comer toco de cigarro. Algumas mulheres disseram que foram algemadas nuas na cerca, outras, jogadas na piscina de madrugadaâ€, detalha.
Segundo o delegado, os pacientes estavam em situação sub-humanas. Dormiam em colchões esparramados no chão, em alojamentos sem armários, com janelas sem vidros. Para ter acesso a um dos cômodos, foi preciso arrombar a porta, pois ela ficava trancada.
Vanderic afirma que apenas 10% dos pacientes falam que estavam lá voluntariamente, mas todos reclamam de maus-tratos. Algumas vÃtimas apresentam sinais de tortura.
Durante a operação, a polÃcia apreendeu armas de choque, armas de pressão, algemas e vários medicamentos tarja preta. “São instituições totalmente irregulares, sem autorização da prefeitura, ou da vigilância sanitáriaâ€, diz o delegado.
Entre os presos está um dos donos das clÃnicas, que é médico. Os outros cinco eram coordenadores das instituições irregulares. Eles foram autuados em flagrante por cárcere privado, sequestro qualificado e tortura. A polÃcia procura pelo segundo proprietário e dois funcionários que conseguiram fugir.
Investigação
A PolÃcia Civil chegou ao local depois que dois internos conseguiram escapar de uma das clÃnicas, no Bairro Arco Verde, e denunciaram os maus-tratos. A partir daÃ, iniciou uma
Um dos agentes procurou a clÃnica se passando por familiar de um dependente quÃmico que buscava tratamento para o parente. O dono da instituição cobrou dele R$ 8 mil, em parcelas que variavam de R$ 800 a R$ 1 mil.
Os responsáveis pela clÃnica ofereceram o serviço chamado de “resgateâ€, que consistia em buscar a pessoa à força, em casa. Outros opção seria sedar o paciente para levá-lo desacordado.
Quando a polÃcia chegou à clÃnica do Bairro Arco Verde, 41 internos estavam no local. Durante a operação, eles descobriram que o grupo tinha outra unidade funcionando na zona rural de Anápolis.
Segundo o delegado, quando os agentes chegaram ao endereço indicado, os responsáveis tinham fugido com os internos em caminhonetes. Mais tarde, cerca de 20 internos foram localizados em uma chácara na Vila Fabril.
Todos foram levados para o 6º Distrito Policial de Anápolis, onde aguardam por familiares. De acordo com o delegado, entre os internos há pessoas de várias partes do paÃs.