Como geral já desconfiava, os policiais envolvidos na morte do estudante de cinema João Pedro Costa da Silva, 23, por um tiro de fuzil dispararam contra a própria viatura para justificar a ação abusiva em blitz na Linha Amarela, Rio de Janeiro. Para piorar a situação dos oficiais, o delegado que acompanha o caso diz que a quantidade de drogas (30g de maconha, 5 papelotes e um vidro de loló) não caracteriza tráfico. Se fosse na periferia, a história talvez fosse outra. Dificilmente os PMs se dariam ao trabalho de forjar um tiroteio ou jovens seriam enquadrados como usuários. Por outro lado, quando o assunto é a responsabilização da PM e, em consequência, do Estado na morte de vÃtimas brancas, negras, vermelhas ou azuis, o desfecho é quase sempre igual: pizza – à s vezes condecorações e tapinhas nas costas. Na maioria desses casos, os PMs são afastados das ruas e colocados em escritórios ou cabines de trânsito, para voltarem a ativa depois. São julgados pelos próprios colegas militares… Você também acha essa lógica absurda? Então engrosse o grito: Desmilitarização já!
O delegado titular da 21ªDP (Bonsucesso) José Pedro Costa da Silva, afirmou, na manhã desta sexta-feira, que não houve troca de tiros entre PMs e estudantes que teriam furado um blitz na Linha Amarela, na madrugada do dia 30 de dezembro. A informação foi baseada na perÃcia realizada no veÃculo da polÃcia e no Kia Cerato em que estavam quatro jovens, entre eles, João Pedro Corrêa, de 23 anos, morto na ação. Segundo o titular, os disparos encontrados na viatura, foram feitos pelos próprios policiais. Contra os jovens, foram efetuados 14 disparados. Cinco deles acertaram o carro e um único disparo de fuzil teria acertado o estudante de cinema nas costas.
— Tudo indica que não houve troca de tiros, que os disparos encontrados no carro da PM foram feitos pelos próprios policiais e, com certeza, foram efetuados de dentro da viatura. A perÃcia comprovou isso. Agora estamos aguaradando as imagens das câmeras de segurança que mostram os fatos — disse.
De acordo com o delegado, em depoimento, os PMs disseram que os jovens haviam trocado tiros com a polÃcia, mas até o momento nenhuma arma foi encontrada no carro. Ainda segundo a polÃcia, no porta-malas do Kia Cerato havia uma pequena quantidade de drogas e uma balança de precisão. Os quatro amigos não tinham passagem pela polÃcia e serão chamados para prestar um novo depoimento no inÃcio da semana que vem.
— Esse material encontrado não dá indÃcios de que os jovens sejam traficantes — contou.