Um rapaz foi baleado em Higienópolis, na noite desse sábado, durante o protesto contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. A manifestação tomou o centro de São Paulo e terminou em vandalismo e 146 manifestantes presos.
FabrÃcio Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves foi encontrado com três tiros –dois no peito e um na virilha–, na esquina da rua Sabará com a rua PiauÃ, rodeado por um grupo de pelo menos quatro policiais militares.
Segundo testemunhas ouvidas pela Folha, os PMs se justificaram dizendo que o rapaz era manifestante e portava coquetel molotov.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado, mas, antes que chegasse, os policiais levaram o rapaz para hospital da Santa Casa em uma Kombi da PM, o que contraria a regra que recomenda que os policiais aguardem socorro especializado.
“Eu estava em casa, ouvi os disparos e desci para ver o que tinha acontecido. Foi quando vi o jovem deitado agonizando no chão. Ele ficou ali por uns 30 minutos até que a PM levou ele para o hospital. Um minuto depois a ambulância chegou, mas ele já tinha ido embora”, disse o gerente comercial José Augusto Raulino, 47 que testemunhou o caso.
O defensor público Erik Arnesem saÃa para jantar quando viu a cena. “Logo me identifiquei, mas os policiais não deixaram eu chegar perto da ocorrência”, disse.
Em seguida, Arnesem entrou em contato com o defensor Carlos Weis, coordenador de direitos humanos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que pretende cuidar do caso e exigir a investigação da ocorrência para punir os possÃveis responsáveis.
A Folha apurou que policiais levaram Chaves à Santa Casa por volta das 22h30 de sábado. Ele foi encaminhado para o centro cirúrgico e operado durante a madrugada.
O rapaz, segundo informações da Santa Casa, continua internado no centro médico. Ele está em coma induzidos e passou, na manhã deste domingo, por uma segunda cirurgia.
Ele está sob escolta de três policiais do 13º batalhão da PM (Campos ElÃseos). Até a manhã de domingo, sua famÃlia não havia sido avisada e soube da ocorrência por meio da Folha.
A Secretaria de Segurança Pública foi procurada pela reportagem, porém até agora não se manifestou a respeito deste caso.
Moradores da região disseram que uma equipe da Corregedoria esteve na região durante a madrugada. Pela manhã, foram encontrados no local manchas de sangue e um par de luvas.
VÃDEO
A rua Augusta, na região central de São Paulo, foi transformada em cenário de guerra no começo da noite de ontem. Manifestantes que protestavam contra a Copa do Mundo foram cercados por policiais do Batalhão de Choque perto da rua Marquês de Paranaguá.
De acordo com comerciantes, os policiais usaram bombas de gás. Sem saÃda, dezenas de pessoas se refugiaram no hotel Linson, próximo à rua Caio Prado. Parte do comércio fechou as portas.
Em um vÃdeo, feito pelo fotojornalista Felipe Larozza e disponibilizado hoje pela manhã à Folha, é possÃvel ver homens da tropa de choque com escopetas entrando no hotel em busca desses manifestantes. Os policiais entraram no imóvel, revistaram e prenderam mais de 50 manifestantes.
Ao menos dois disparos, que segundo testemunhas eram de balas de borracha, podem ser percebidos. Os tiros tinham como alvo manifestantes deitados no chão. Os policiais gritam repetidas vezes “no chão, no chão!” e “mão na cabeça!”. Depois do primeiro tiro, algumas pessoas gritam, desesperadas: “Calma, calma!”.
Também é possÃvel ver um dos policiais empurrando um jovem, já rendido, com o pé. A PolÃcia Militar ainda não se pronunciou a respeito do vÃdeo.
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EFETIVO
De acordo com a polÃcia, 2.000 homens foram mobilizados para fazer a segurança de 1.500 manifestantes.
Participaram da operação a Tropa de Choque e a Força Tática da PolÃcia Militar. Dois helicópteros monitoravam a movimentação do grupo.
Policiais usaram câmeras portáteis de alta definição, semelhantes às que são usadas por motoqueiros em capacetes, para registrar os participantes do protesto.
A manifestação contra a realização da Copa do Mundo no Brasil foi convocada pelo Facebook e tinha cerca de 23 mil confirmados antes de começar.
O boletim de ocorrência registrado no 4º DP (Consolação) pelos policiais militares que atiraram contra um rapaz de 22 anos durante o protesto de sábado (25) em São Paulo diz que o jovem resistiu à prisão e agrediu os PMs antes de ser atingido pelos disparos.
FabrÃcio Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves foi encontrado ferido a tiros na esquina da rua Sabará com a rua PiauÃ, rodeado por um grupo de policiais militares. Testemunhas disseram que ouviram três disparos por volta das 22h30 de ontem, porém o boletim de ocorrência afirma que Chaves foi atingido por dois disparos, um no ombro e um na virilha.
Segundo a versão contada pelos PMs, a ocorrência começou na rua Consolação. Chaves estava acompanhado de um amigo quando foi abordado pelos policiais.
Ele, de acordo com o boletim, tentou fugir enquanto seu amigo que teve apenas a idade revelada, 25 anos, permaneceu sob custódia dos policiais.
Após a fuga, Chaves foi contido e os PMs começaram a revistar sua mochila e encontraram um artefato explosivo feito em meia lata de cerveja. No momento em que os PMs revistavam a mochila, o rapaz fugiu novamente e um policial, que tentou conter a nova fuga, sofreu uma torção no braço e precisou ser socorrido.
Outros dois PMs continuaram a perseguição e Chaves chegou até um posto de combustÃvel. Lá, segundo a versão oficial, ele pegou um estilete que estava no bolso da calça e se voltou contra os policiais. Novamente em fuga, Chaves, chegou até a rua Sabará, em Higienópolis, parou e atacou um dos PMs que havia perdido o equilÃbrio no desnÃvel da calçada.
Foi neste momento que os policiais atiraram e o jovem caiu. Ele tentou, mais uma vez, fugir, mas parou metros após ser atingido.
O boletim de ocorrência de resistência, lesão corporal e desobediência foi registrado no 4º DP, onde o delegado requisitou exame pericial para o local e para os objetos apreendidos. Um exame residuográfico – que constata pólvora nas mãos –para os PMs também foi solicitado.
No vÃdeo abaixo é possÃvel ver o rapaz ferido encostado em uma árvore enquanto espera a chegada do socorro. Nas imagens também é possÃvel ver a reação de dois policiais militares que atendiam a ocorrência.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado, mas, antes que chegasse, os policiais levaram o rapaz para hospital da Santa Casa em uma Kombi da PM, o que contraria a regra que recomenda que os policiais aguardem socorro especializado.
A Folha apurou que policiais levaram Chaves à Santa Casa por volta das 22h30 de sábado. Ele foi encaminhado para o centro cirúrgico e operado durante a madrugada.
O rapaz, segundo informações da Santa Casa, continua internado no centro médico. Ele está em coma induzidos e passou, na manhã deste domingo, por uma segunda cirurgia.
Ele está sob escolta de três policiais do 13º batalhão da PM (Campos ElÃseos). Até a manhã de domingo, sua famÃlia não havia sido avisada e soube da ocorrência por meio da Folha.
Moradores da região disseram que uma equipe da Corregedoria esteve na região durante a madrugada. Pela manhã, foram encontrados no local manchas de sangue e um par de luvas.