• Home
  • Quem somos
  • A razão entorpecida
  • Chame o DAR pra sua quebrada ou escola
  • Fale com a gente
  • Podcast
  • Quem somos
  • A razão entorpecida
  • Podcast
  • Chame o DAR pra sua quebrada ou escola
  • Fale com a gente
Julho 20, 2014

Impactos do proibicionismo no ambiente: um tema transversal na educação ambiental

Coletivo Cultura Verde

por Urubatan Nery de Castro

Será que a face ambiental da política proibicionista pode estar sendo mascarada para que o senso comum continue pensando nelas como um inimigo interno a ser combatido e erradicado através de bordões do tipo “a maconha é a porta de entrada para outras drogas”, “o que será da nossa juventude?”, “quem vai pagar a conta dos viciados?”, “diga não às drogas”, “viciados financiam a violência”, “punição severa para traficantes”, “o usuário é o câncer da nossa sociedade” ente outras?

A produção de drogas tem um alto custo ambiental. Argumenta-se que esse custo seria muito maior se não fossem os programas de erradicação e as duras medidas repressivas e punitivas que impedem os produtores de drogas de expandir suas operações. Mas esse argumento revela um ocultamento intencional para as evidências que se apresentam. As intensas pulverizações aéreas e os programas de erradicação não reduziram os prejuízos ambientais que resultam da produção desregulada de drogas. Eles têm apenas transferido esses danos para áreas mais remotas e sensíveis ecologicamente como a floresta Amazônica, uma consequência do “efeito-balão”.

Contrariamente às afirmações dos agentes oficiais da lei, é a própria guerra às drogas que está provocando devastação ambiental decorrente das técnicas de produção clandestina. As medidas atuais de controle de drogas, sem supervisão regulatória adequada, caíram nas mãos de criminosos sem escrúpulos. Diante disso, será que a produção de drogas deve continuar a ser conduzida clandestinamente, levando ao despejo de resíduos químicos perigosos e danos a importantes ecossistemas?

Durante o planejamento, implementação e avaliação dos programas de erradicação da droga em nível internacional devem ser levados em consideração os impactos sociais, ambientais, econômicos e na saúde decorrentes das ações desses programas. O UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes) deve adotar diretrizes ambientais para as equipes. Todos os impactos da política de drogas devem ser avaliados em conjunto com uma gama de sistemas alternativos, como por exemplo, a descriminalização para posse pessoal de drogas, modelos legais e eficientes de regulação e legalização, reforma agrária, investimentos pesados em prevenção, educação e saúde, autocultivo para cultivar o dissenso e produzir novos sentidos existenciais indo contra o sistema estabelecido. Sempre fornecendo orientação sobre as melhores maneiras de avançar sobre essa questão de uma forma menos violenta e autoritária e mais respeitosa.

A demanda pelo consumo de drogas sempre existiu na história humana e nunca deixará de existir, por isso é um mercado extremamente rentável. A política de proibição, fundamentada em princípios moralistas e fundamentalistas, pelo visto, vem contribuindo para a concentração de poder e riqueza nas mãos de uma minoria, seja da elite banqueira e política, seja nas mãos dos grandes cartéis e monopólios criminosos. A proposta antiproibicionista, fomentada neste trabalho, deve ser uma tomada de consciência que pretende questionar o modelo de sociedade e de ambiente que queremos a partir das mazelas observadas no cotidiano rural e urbano decorrentes de uma política autoritária.

Ora, não seria a própria proibição e o mercado criminal que estariam aumentando e espalhando os prejuízos? O que ou quem seriam os responsáveis por levar à criação de drogas mais letais como o crack e o encarceramento em massa com superlotação dos presídios? Os últimos cinquenta anos de proibição e guerra às drogas foram totalmente contraproducentes em suas tentativas para conter os danos ambientais causados ​​pelo comércio ilegal. Mais florestas equatoriais foram desmatadas ilegalmente para produção da droga, mais poluição de córregos em nascentes de rios, mais terror para as populações pobres e negras das periferias metropolitanas e para os pequenos camponeses pobres, negros e indígenas nas terras do agronegócio ilícito.

Reforçamos que a proposta antiproibicionista na perspectiva ambiental deve ser também uma proposta antirracista e anticapitalista. Destarte, ao promover o controle e a regulamentação da cadeia produtiva das drogas, essa proposta deve incluir em seu escopo a situação de vulnerabilidade socioambiental de grupos perseguidos culturalmente, as condições de miserabilidade impostas pela política de erradicação aos campesinos nas áreas de plantio, a necessidade de uma reforma agrária que atenda aos interesses dos pequenos agricultores e não do grande capital, e por fim, a substituição dos cartéis e monopólios criminosos que controlam a economia da droga por associações e cooperativas de pequenos produtores. Sempre lembrando que não existe uma maneira mais ou menos correta de lidar com a questão, mas sim através de tentativas, erros e acertos.

A maioria dos documentos pesquisados nesse trabalho está impregnada de evidências e referências sobre a urgência de uma nova abordagem para a atual política de drogas, tornando-se mais esclarecidas questões que o senso comum trata com moralismo, estereótipos e tabu. Para uma visão crítica do ambiente é fundamental a análise da realidade em suas múltiplas determinações. Fica claro que, para um futuro próximo, a pobreza e a desigualdade nas regiões que cultivam a droga para suprir a demanda do mercado signifiquem a existência de muitos agricultores dispostos a plantar drogas e outros dispostos a comercializá-las. O ambiente, entendido como uma rede de relações, pode ter influência na tomada de decisões e escolhas de um indivíduo ou grupo de pessoas ou ser afetado por essas decisões.  De qualquer forma a guerra às drogas é uma escolha política e existem outras opções que devem ser debatidas e exploradas usando as melhores análises e evidências possíveis.

–

*Esse texto é a conclusão da monografia de pós-graduação do pesquisador Urubatan Nery na Universidade Católica de Petrópolis. Leia o artigo completo fazendo o download no link: Impactos do proibicionismo no ambiente – Urubatan Nery

Comments

comments

Nos ajude a melhorar o sítio! Caso repare um erro, notifique para nós!

Recent Posts

  • NOV 26 NÓS SOMOS OS 43 – Ação de solidariedade a Ayotzinapa
  • Quem foi a primeira mulher a usar LSD
  • Cloroquina, crack e tratamentos de morte
  • Polícia abre inquérito em perseguição política contra A Craco Resiste
  • Um jeito de plantar maconha (dentro de casa)

Recent Comments

  1. DAR – Desentorpecendo A Razão em Guerras às drogas: a consolidação de um Estado racista
  2. No Grajaú, polícia ainda não entendeu que falar de maconha não é crime em No Grajaú, polícia ainda não entendeu que falar de maconha não é crime
  3. DAR – Desentorpecendo A Razão – Um canceriano sem lar. em “Espetáculo de liberdade”: Marcha da Maconha SP deixou saudade!
  4. 10 motivos para legalizar a maconha – Verão da Lata em Visitei um clube canábico no Uruguai e devia ter ficado por lá
  5. Argyreia Nervosa e Redução de Danos – RD com Logan em Anvisa anuncia proibição da Sálvia Divinorum e do LSA

Archives

  • Março 2022
  • Dezembro 2021
  • Setembro 2021
  • Agosto 2021
  • Julho 2021
  • Maio 2021
  • Abril 2021
  • Março 2021
  • Fevereiro 2021
  • Janeiro 2021
  • Dezembro 2020
  • Novembro 2020
  • Outubro 2020
  • Setembro 2020
  • Agosto 2020
  • Julho 2020
  • Junho 2020
  • Março 2019
  • Setembro 2018
  • Junho 2018
  • Maio 2018
  • Abril 2018
  • Março 2018
  • Fevereiro 2018
  • Dezembro 2017
  • Novembro 2017
  • Outubro 2017
  • Agosto 2017
  • Julho 2017
  • Junho 2017
  • Maio 2017
  • Abril 2017
  • Março 2017
  • Janeiro 2017
  • Dezembro 2016
  • Novembro 2016
  • Setembro 2016
  • Agosto 2016
  • Julho 2016
  • Junho 2016
  • Maio 2016
  • Abril 2016
  • Março 2016
  • Fevereiro 2016
  • Janeiro 2016
  • Dezembro 2015
  • Novembro 2015
  • Outubro 2015
  • Setembro 2015
  • Agosto 2015
  • Julho 2015
  • Junho 2015
  • Maio 2015
  • Abril 2015
  • Março 2015
  • Fevereiro 2015
  • Janeiro 2015
  • Dezembro 2014
  • Novembro 2014
  • Outubro 2014
  • Setembro 2014
  • Agosto 2014
  • Julho 2014
  • Junho 2014
  • Maio 2014
  • Abril 2014
  • Março 2014
  • Fevereiro 2014
  • Janeiro 2014
  • Dezembro 2013
  • Novembro 2013
  • Outubro 2013
  • Setembro 2013
  • Agosto 2013
  • Julho 2013
  • Junho 2013
  • Maio 2013
  • Abril 2013
  • Março 2013
  • Fevereiro 2013
  • Janeiro 2013
  • Dezembro 2012
  • Novembro 2012
  • Outubro 2012
  • Setembro 2012
  • Agosto 2012
  • Julho 2012
  • Junho 2012
  • Maio 2012
  • Abril 2012
  • Março 2012
  • Fevereiro 2012
  • Janeiro 2012
  • Dezembro 2011
  • Novembro 2011
  • Outubro 2011
  • Setembro 2011
  • Agosto 2011
  • Julho 2011
  • Junho 2011
  • Maio 2011
  • Abril 2011
  • Março 2011
  • Fevereiro 2011
  • Janeiro 2011
  • Dezembro 2010
  • Novembro 2010
  • Outubro 2010
  • Setembro 2010
  • Agosto 2010
  • Julho 2010
  • Junho 2010
  • Maio 2010
  • Abril 2010
  • Março 2010
  • Fevereiro 2010
  • Janeiro 2010
  • Dezembro 2009
  • Novembro 2009
  • Outubro 2009
  • Setembro 2009
  • Agosto 2009
  • Julho 2009

Categories

  • Abre a roda
  • Abusos da polí­cia
  • Antiproibicionismo
  • Cartas na mesa
  • Criminalização da pobreza
  • Cultura
  • Cultura pra DAR
  • DAR – Conteúdo próprio
  • Destaque 01
  • Destaque 02
  • Dica Do DAR
  • Direitos Humanos
  • Entrevistas
  • Eventos
  • Galerias de fotos
  • História
  • Internacional
  • Justiça
  • Marcha da Maconha
  • Medicina
  • Mídia/Notí­cias
  • Mí­dia
  • Podcast
  • Polí­tica
  • Redução de Danos
  • Saúde
  • Saúde Mental
  • Segurança
  • Sem tema
  • Sistema Carcerário
  • Traduções
  • Uncategorized
  • Vídeos