Marina Lemle
Do Rio de Janeiro
Especial para o UOL NotÃcias –
A sensação do poder armado e a conseqüente facilidade de conquistar mulheres são os grandes estÃmulos que levam crianças, adolescentes e jovens a entrarem para o tráfico, já que a atividade não rende mais financeiramente o que rendia há alguns anos. Essa é uma das principais conclusões da pesquisa “Meninos do Rio: jovens, violência armada e polÃcia nas favelas cariocas”, lançada nesta segunda-feira no Rio de Janeiro. O estudo foi promovido pelo Unicef e coordenado pela cientista social Silvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Cidadania (Cesec), da Universidade Candido Mendes.
Em entrevista exclusiva para o UOL, a autora contou que a capacidade das armas de atrair meninas – as chamadas “Maria Fuzil” – surgiu como um comentário constante nas entrevistas feitas com jovens, mães, lideranças comunitárias e técnicos de projetos sociais do Complexo do Alemão e de favelas e bairros da Zona Oeste do Rio. Além de sete grupos focais, reunindo 87 jovens, técnicos e mães, foi realizada uma pesquisa quantitativa executada por 14 jovens que entrevistaram 241 rapazes e moças de 14 a 29 anos.
Outra revelação do estudo é que as razões alegadas para a entrada no tráfico são as mesmas que as de saÃda ou não entrada. “A única coisa realmente comum a todos os jovens que ingressam no crime é a presença de grupos ilegais armados na esquina de casa”, diz Silvia. Para a pesquisadora, enquanto durar o controle territorial por traficantes e milÃcias em favelas do Rio, alguns jovens, mesmo sem convicção, vão “experimentar a vida”.
Veja abaixo trechos da entrevista, feita no final de semana no Rio de Janeiro.