Cultura pra DAR – COLETIVO DAR
Em 6 de fevereiro desse ano, Bob Marley completaria 70 anos. Lógico, sua música nunca morrerá e etc., mas se tivesse vivo Bob seria um vovôzinho da idade do Cheech e do Chong, que veria tomando conta do reggae e suas vertentes uma geração que não é nem mais a dos seus miles de filhos Ziggy, Damian, KyMani, Julian e outros, mas dos seus netos. E tem muita coisa nova e boa dando seguimento no que vô Nesta deixou pra Jamaica em canções eternas como Kaya, e Easy Skanking, no reggae mais roots ou mais pop, no dancehall, no dub. Como não poderia deixar de ser, vários deles falam de maconha e sua legalização e consumo – separamos aqui alguns dos depoimentos e narrativas da nova geração da música jamaicana sobre a erva sagrada. Pass it on!
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Chronixx e Busy Signal – Herb must legalize now, blaze up the herbs
Não necessariamente os mais talentosos mas provavelmente os mais carismáticos, Chronixx, de 22 anos, e Busy Signal, de 23, são os nomes mais famosos do novo reggae e do dancehall hoje na Jamaica, respectivamente. O primeiro traz uma pegada bem pop pra letras com conteúdo moderno mas ainda bem alinhado ao Rasta clássico, ortodoxo; já o segundo tá preocupado muito mais com as pistas e batidas do que a mensagem, apesar de ter suas influências africanas. Ambos no entanto, falam (e gostam) muito de maconha.
Kabaka Piramyd e Protoje – Denunciando o lado errado da lei
O anticapitalista Kabaka Pyramid, e Protoje, de 33 anos, combinam reggae dançante com dancehall/ hip hop de boas letras, engajadas na cultura Rasta e na crítica da Babilônia desigual e feroz. Ás vezes o dragão e a besta se manifestam na forma de polícia, canta Protoje (“Sometimes the dragon and the beast/ Manifests itself inna the form of the police”) enquanto Kabaka defende a erva do sistema e a gente balança a cabeça afirmativa e ritmadamente.
The Uprising Roots Band e No-Maddz – do tradicional ao moderno
Enquanto a banda The Uprisiging Roots traz para o presente a forma clássica do reggae roots, com ênfase na percussão africana e nas letras de conteúdo Rasta, os moleques do No-Maddz são praticamente indies, no visual e na mescla de influências da música, que tem um fundo reggae mas não pode ser resumida a esse estilo. Com as devidas diferenças, estão entre os principais grupos jamaicanos da atualidade, e tem na canábis uma de suas preocupações.
I-Octane e Runkus pedem one good spliff
Se I-Octane, 30 anos, está cada vez mais famoso em seus giros pela ilha e mesmo fora dela, Runkus ainda está mais no começo, ganhando seu espaço em shows maiores e tal. Mesmo em volume de produção há uma diferença grande, que pode ser constatada facilmente numa busca na internet, em que se encontra muito pouco de Runkus. No entanto, no talento e no flow, ele faz por merecer ocupar o mesmo tópico do colega já mais consagrado, que tem bem mais bagagem de música falando de maconha.
Tarrus Riley e Richie Spice – usando e promovendo a erva
Tarrus Riley, de 35, e Richie Spice, de 43, não são novatos e estão na fronteira, podiam ser netos ou filhos do Bob, mas se consolidaram na cena do reggae mais recentemente. Misturando reggae clássico e música pop, fazem bastante sucesso na ilha que tem a mesma população do Uruguai – mera coincidência? Os dois têm várias músicas sobre maconha, deixamos aqui duas das mais explícitas.
Vybz Kartel e Wayne Marshall – fumaça também dança
Todo tatuadão e com 39 anos, Vybz Kartel faz o som mais pop entre os indicados aqui, como irão notar por suas músicas. É como se pegasse só o lado dançante do Busy Signal, que tem uma influência bem mais clara da tradição afro em seu dancehall. Já Wayne Marshal, de 34, tem também essa disposição de ir pras pistas mas com outro enfoque, saquem eles falando de ganja.