O vocalista da banda Cone Crew Diretoria André da Cruz Teixeira Leite, de 28 anos, o Cert, foi preso na noite de sábado por apologia às drogas durante um show em Paty do Alferes, no interior do Estado do Rio. Cerca de 15 policiais subiram no palco dando voz de prisão para a banda toda. Os outros integrantes conseguiram entrar no ônibus e voltaram para o Rio, mas Cert acabou detido.
— Na última música, um produtor me avisou que a polÃcia queria prender a banda toda por apologia à s drogas. Quando olhei para trás do palco, tinha uns 40 PMs esperando. Acho que eles perderam a paciência e subiram no palco. O Cone Crew tem dez anos de carreira. Todo mundo sabe o conteúdo das letras — contou Gabriel Batista, empresário da banda.
O Cone Crew Diretora defende a legalização da maconha em suas músicas. Imagens mostram que os PMs subiram no palco e foram direto em Cert. O rapaz já havia sido preso em fevereiro desse ano na cidade vizinha, Miguel Pereira, por plantar pés de maconha dentro de casa. Ele havia sido denunciado pela sogra. O caso foi registrado na 88ª DP (Barra do PiraÃ).
— O Cert saiu algemado do palco. A polÃcia deve ter se sentido atingida, não sei — afirmou Batista.
A banda estava se apresentando na Festa do Tomate, evento que acontece todo ano na cidade e reúne cerca de 15 mil pessoas da região. Veja:
A PolÃcia Civil informou que, de acordo com informações da 88ª DP (Barra do PiraÃ), o rapaz foi ouvido e autuado por apologia ao tráfico de drogas e desobediência. Testemunhas prestaram depoimento, ele assinou o termo circunstanciado e foi liberado. O caso será encaminhado ao Juizado Especial Criminal (JECRIM). Ainda segundo a unidade, também sendo investigado os crimes de desacato e resistência.
Cert é um dos fundadores da banda e vive em Miguel Pereira há quase dois anos, junto com a esposa e o filho.
Histórico
Os integrante do Planet Hemp, ex-banda de Marcelo D2, foram presos logo depois de um show em BrasÃlia, em 1997 — após uma série de apresentações canceladas em cidades como Salvador, Vitória, Curitiba e Belo Horizonte. Na Capital Federal, a Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes havia conseguiu autorização judicial para gravar a apresentação e usou as imagens como provas da apologia à s drogas.
Em 2013, o juiz Vilmar José Barreto Pinheiro que ordenou a prisão dos integrantes foi condenado à aposentadoria compulsória pelo Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). De acordo com o jornal “Correio Brazilienseâ€, o magistrado foi acusado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) de receber R$ 40 mil para conceder a liberdade a um traficante quando exercia o cargo de titular da 1ª Vara de Entorpecentes e Contravenções Penais de BrasÃlia. Na época da prisão dos músicos, o juiz também proibiu shows e a venda de discos, fitas e CDs da banda no Distrito Federal.
Comunicado
A banda enviou um comunicado oficial sobre o acontecimento e defendeu a liberdade de expressão através da música. Veja na Ãntegra:
Nós da Cone Crew sempre defenderemos a liberdade de expressão.
Ontem, durante uma apresentação, fomos detidos simplesmente por não podermos nos expressar do jeito que querÃamos e estamos acostumados a fazer.
O setlist seguia normalmente, como feito nos 250 shows que a banda faz por ano, quando fomos surpreendidos na penúltima música.
Todos os integrantes receberam voz de prisão por apologia, mas apenas Cert foi preso e isso não tem nada a ver com o processo anterior, quando foi denunciado por tráfico, porém reconhecido como usuário na sentença.
Cert foi solto na manhã deste domingo (07).
A Cone Crew exige liberdade de expressão, seja ela cultural ou de manifesto.
Todos sabem que em nosso posicionamento nunca escondemos ser a favor da legalização da maconha, assim como ex-presidenciáveis também são.
Isso nos lembra o episódio da prisão do Planet Hemp, há 18 anos atrás.
Nada mudou?