COLETIVO DAR
Documentário realizado pelo Fórum Mineiro de Saúde Mental mostra a realidade das comunidades terapêuticas.
A série de entrevistas realizadas mostra com detalhes a rotina de violência, trabalho forçado, tortura e outras tantas violações de direitos realizadas dentro destas instituições. Com a promessa de cura para a dependência ou para problemas relacionados ao uso de drogas clínicas e comunidades terapêuticas são procuradas por famílias e indicadas pelo Estado para a internação de usuários e usuárias de drogas.
O documentário realizado conta a história de diversas pessoas que por diversos motivos sobreviveram ao período em que passaram por estas instituições. Contando suas histórias estas pessoas oferecem entre muitos nós na garganta, uma sensação de repetição de uma condição a um determinado grupo social em uma determina época. Loucos, agora drogados. Se antes a condição era vista somente com os olhos da medicina, o uso de drogas é interpretado agora por muitos através da lente da espiritualidade, como uma degeneração moral, de cura espiritual.
Diante do fracasso da implementação das políticas previstas na Refoma Psiquiátrica e incentivadas por dos governos federais, estaduais e municipais, as comunidades terapêuticas e clínicas de recuperação são responsáveis pela maior parte dos atendimentos a usuários. Não podemos afirmar agora com certeza a proporção, mas se compararmos somente a quantidade de comunidades que recebem diretamente do governo federal por vagas oferecidas em comparação a quantidade de CAPS AD III 24hr em funcionamento veremos o quão precária é a cobertura do equipamento especializado mais completo da rede de atenção psicossocial.
Compare aqui visualmente https://monitoramento.presidencia.gov.br/observatorio/observatorio/web/observatorio/crack/mapa/SageComunidade (obs: neste caso não estão sendo mostradas as demais comunidades que o vídeo contabiliza através do Censo das Comunidades Terapêuticas)
As histórias de sobrevivência também oferecem indicações de como práticas de resistência ajudaram a encontrar um sentido em toda a doideira que é a realidade sem recorrer às violências físicas, assédios morais e demais violações relatadas. O documentário não deixa dúvida sobre a urgência em relação à seriedade das violações relatadas por uma enorme quantidade de comunidades terapêuticas e clínicas de recuperação, financiadas ou não pelo governo.