43. O número de estudantes normalistas desaparecidos em Ayotzinapa, no México – onde outros seis foram assassinados – ecoou pelo mundo neste sábado, 26 de setembro de 2015, data em que se completou um ano do caso.
“É um ano de muita dor dos 43 pais de família. Faz um ano, às 17h35 da tarde, escutei por telefone pela última vez a voz do meu filho. Hoje meu filho está me mostrando como está esse país. Agora já não nos poderão nos calar nunca”, afirmou o pai de um dos 43 estudantes mexicanos desaparecidos em Iguala, no estado de Guerrero.
Na Cidade do México, um ato reuniu mais de 120 mil pessoas e ocupou as principais ruas da capital – em determinado momento, quatro quilômetros de vias foram tomadas pelos manifestantes, que exigiam o prosseguimento da investigação e reafirmavam as oito exigências apresentadas pelos familiares ao governo de Enrique Peña Nieto.
Para além das cidades mexicanas, a solidariedade à luta de Ayotzinapa se espalhou pelo mundo, fazendo valer a ideia de que “se eles globalizam a barbárie / nós globalizamos a resistência”. Cidades como Los Angeles, Nova York, Buenos Aires, Fresno, Londres, Marselha, Madri, Rio de Janeiro, Denver, Bruxelas, Berlim, Quebec, São Franscisco, Santiago, Toulouse, Manchester, Frankfurt e San José também se levantaram contra a violência dos de cima.
Em São Paulo, a data foi motivo para duas ações distintas: a rua onde fica o Consulado Mexicano, no Jardim Europa, amanheceu com um enorme pixo “43” no asfalto. É tarde, manifestantes seguraram 43 cartazes com o rosto de cada estudante desaparecido e fecharam o cruzamento da rua Augusta com a Avenida Paulista, em protesto contra a violência estatal.
E gritavam: “Não foi apenas lá / Os poderosos e seus grupos armados / fazem o mesmo com a gente / ao redor de todo o mundo / nos fazem desaparecer / nos torturam / nos matam / mas se eles tem seus poderes / a gente tem a nossa resistência / a gente tem nossa união / do México ao Brasil”. No chão, foi deixada em tinta branca e letras garrafais a mensagem “Carandiru / Ayotzinapa / Foi o Estado!”.
Teve início assim a Nenhum (a) Menos – Semana de Lutas contra a Violência do Estado, evento que, além das já citadas ações, terá sarau, aula pública, exibição de filme, debate, festival de hip hop e um ato em memória aos 23 anos do massacre do Carandiru, a ser realizado no dia 2/10 (sexta-feira), a partir das 17h, no Largo São Francisco.