Das 644 pessoas mortas em confrontos com a polÃcia no Estado do Rio em 2015, 497 (77,2%) eram negras ou pardas.
O detalhamento desses e de todos os dados referentes a mortes violentas no Estado passaram a ser divulgadas nesta terça (23) pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), subordinado à Secretaria da Segurança do Rio.
A partir de agora, além das estatÃsticas dos Ãndices de criminalidade, será possÃvel obter informações sobre as vÃtimas da chamada letalidade violenta, que é a classificação dada pela secretaria para os homicÃdios, autos de resistência (mortes em confronto com policial), lesão corporal seguida de morte e latrocÃnio (roubo seguido de morte).
No ano passado, 307 pessoas morreram na capital em confrontos com a polÃcia. Em 2014, foram 247 vÃtimas.
“Optamos por começar com a letalidade por ser um Ãndice importante, já que trata da vida das pessoas”, afirmou Joana Monteiro, presidente do ISP. A medida é vista dentro da pasta da Segurança como uma ação de transparência.
Um programa foi desenvolvido para que o público possa ver onde as mortes aconteceram, identificar sexo, cor e idade das vÃtimas, além da hora em que os crimes aconteceram; apenas os nomes serão preservados. A ferramenta está disponÃvel no site www.isp.rj.gov.br.
Os dados disponÃveis referem-se aos anos de 2014 e 2015. O ISP pretende dar acesso a toda a série histórica de mortes violentas no Estado do Rio, mas ainda não há um prazo para a tabulação de todos os Ãndices detalhados.
FALTAM DADOS
Apesar do inédito nÃvel de detalhamento dos dados, o sistema ainda tem buracos. Por exemplo, no caso de autos de resistência –classificados no site como “morte decorrente de intervenção policial”– 68% das vÃtimas em 2015 e 40% delas em 2014 não tinham suas idades informadas, uma vez que não portavam documentos no momento em que morrem.
O ISP informou, através de sua assessoria, que os dados liberados vêm dos registros de ocorrência feitos pelos policiais militares nas delegacias –ou seja, em termos de investigação, ainda na fase de coleta de dados. Isso significa que as informações não são necessariamente as mesmas que constarão na apuração do caso pela PolÃcia Civil.
No ano passado, o Estado do Rio registrou uma taxa de 25,4 mil homicÃdios por 100 mil habitantes –mais do que o dobro de São Paulo. Mas o governo fluminense calcula a taxa pelo número de vÃtimas, e não por registro, como faz o governo paulista.